segunda-feira, junho 20, 2005

Greve dos Professores

Neste meu desabafo de hoje gostaria de desabafar sobre a greve dos professores numa altura que estão escalonados os exames nacionais.

Numa atitude já prepotente os professores já passaram de uma greve (legitimo, mas imoral digo eu), para uma guerra aberta com a ministra ou o Ministério da Educação.

Sendo Portugal dos países da Europa com uma taxa elevada de abandono escolar. Sendo Portugal com uma taxa reduzida de alunos que seguem até para a Universidade. Sendo Portugal dos países com maior taxa de alfabetização da Europa. Esta é a melhor maneira dos Professores fazerem a sua greve?? NA altura de exames?? Prejudicando milhares de alunos e suas famílias. Ainda tem o desplante de dizer que podem fazer em Julho/Agosto. Sinceramente.
Vão os alunos, e respectivas famílias, ficar dependentes da vontade dos senhores professores (cambada da prepotentes, digo eu)? Quando os alunos e os exames são o mais importante do sistema de ensino!

Os professores faltam que se fartam e ninguém é chamado à responsabilidade.
Em momento algum um professor é despedido por incompetência (e existem milhares deles)

Os alunos que são o porque da sua existência e a razão porque os restantes portugueses pagam a um monte de professores(muitos deles para nada fazerem), são completamente desprezados por estes e usados como arma de reivindicação salarial.

Esta é a imoralidade que eu digo. Não a Ministra exigir que acha serviços mínimos (com razão ou sem razão. Com legitimidade ou sem legitimidade)

Imoral sim, é a atitude dos professores usarem a sua posição para prejudicarem milhares de alunos.
Imoral sim, é diversas áreas da sociedade portuguesa, usarem o seu posto de trabalho e a necessidade do seu serviço a milhares de portugueses, para seu benefício.
Imoral sim, é diversas áreas da função pública serem um elefante branco de mordomias que em mais nenhum lugar do privado se encontra.
Imoral sim, é diversas áreas da função pública usarem o seu direito à greve (legitimo) para continuarem com o seu "status quo". E prejudicarem milhares de utentes em diversas áreas.

Isso sim eu considero imoral.
Considero este governo um desgoverno, mas certas medidas como irão mexer em áreas (juízos, médicos, enfermeiros, professores e afins) estão a ter uma luta desses blocos de resistência e dos sindicatos, que mais nada querem do que protagonismo e olharem para o seu umbigo.

Se os funcionários públicos desgostam assim tanto do seu trabalho e se acham tão mal pagos, porque não vão trabalhar para o privado?? Nunca consegui perceber isto. Se estiver numa empresa que não gosto do meu ordenado, senão gosto da atitude dos meus patrões, se não gosto do meu ambiente de trabalho, saio e vou para outro lado. Mas o problema do funcionário público (a maioria é obvio), não dura 6 meses no privado.
Quando nada precisam de fazer. Quando nada precisam de provar em matéria da sua competência ou conhecimentos, para terem promoções automáticas.
Ahh e apenas precisam igualmente todos os anos, tirarem uns cursos de “verão”, que nada tem a ver com a sua profissão de professor e/ou na sua área de ensino, para terem promoções e aumentos de ordenado.

Trabalhem e produzam meus sr(s). Trabalhem e produzam para a evolução do país e da sua economia e depois venham pedir e/ou reclamar benefícios. Não vejam só o vosso
umbigo.

Para muitos professores, a presença nas escolas em dias de exames era uma questão de princípio, já que a anulação das provas só iria prejudicar os alunos.

"Fazer greve nos exames é uma falta de respeito pelos alunos. Foi por isso, só e apenas, que eu não aderi" Diz uma professora que não aderiu à greve.

Pelo menos alguns ainda pensam na profissão que exercem e tem consciência dos seus actos. Pelo menos isso... que exista ainda algum profissionalismo.

Fica o desabafo…

6 comentários:

Luciano Patrão disse...

Amigo JLS, falo com experiência própria.
A minha mãe era da função pública. Meu sogro é da função pública. Minha mulher(e ela sente bem isso na pele aquilo que acabaste de referir) é da função pública.

Conheço muito bem, muitos dos serviços públicos. Conheço muito bem os funcionários públicos.
Obviamente que existem excepções e obviamente que não iria dizer que os meus familiares são alguns deles. Porque isso não é ser objectivo e neutro nos meus desabafos.

E quando falo em professores, por ex: tenho felizmente grandes exemplos de professores meus, que ainda hoje nos falamos, que foram uma grande inspiração para o resto da minha pessoal como profissional e foram professores no sentido exacto da palavra, não apenas uma profissão para eles. Mas isso não se aprende em qualquer cursozito tirado num verão, ou mesmo numa saída profissional porque não havia grandes alternativas. Essa é que é a realidade.

Existirá obviamente excepções em todos os sítios e todas as profissões.

Anónimo disse...

Concordo com o que escreveste, em linhas gerais corresponde á minha opinião, por cada 10 f.p. 1 produz por ele e por esses 10, este é o problema. Profs. é aquela realmente existem uns que querem e sabem o que é ensinar, pena que a maioria esteja a exerçer a profissão por comodismo e limitações e como já deixei num comentário no PD não posso respeitar aqueles que não respeitam aqueles que são final de contas a razão de existir da sua profissão.

Vou deixar um exemplo bem concreto, aprendi mais de matemática um ano em Inglaterra com um prof. excepcional do que em Portugal ao fim de doze anos de estudo e digo se todos fossem metade do professor que aquele homem é, a educação em Portugal muito bem servida estava.

Claro que as diversas reformas apenas têm prejudicado o ensino nestes últimos 15 anos, com especial destaque para o secundário que é em minha opinião o momento mais "sensível" da vida de um estudante.

Tantos os pais, alunos e governo têm de exigir mais aos professores e fazer uma seleção daqueles que realmente o fazem com o mínimo de qualidade necessária.

1redeye

Anónimo disse...

Pois, Jail!

No privado é que estão as virtudes - os profissionais, os bons líderes, os trabalhadores responsáveis, a criatividade, a inovação, os ordenados todos declarados, enfim...só bons exemplos...a começar pela grande maioria dos nossos empresários!!!

Elsa Silva

Braga

Luciano Patrão disse...

Obviamente que não será isso que se trata Elsa.
Mas será a grande maioria.
O laxismo está colado tal maneira na função pública que será muito difícil alguém conseguir fazer alguma “limpeza”.
Ou então ter força politica e por tudo em ordem. Isto em relação à função publica. Por muito que custe a muito funcionário publico e a muita gente, esta é a realidade que muitos só não vêem porque não querem.

Em relação ao privado, existe o mesmo problema. Mas em menor numero.
Porque o emprego depende disso mesmo. Da sua competência, do seu trabalho, da sua assiduidade, promoções etc. Porque o seu emprego depende sempre desses factores. O mesmo já não se passa na função pública.

Nos exemplos que deste, apenas posso concordar em parte com a questão dos empresários e com parte da declaração dos ordenados. Em parte.
Já tive esses dois exemplos na minha vida profissional. E foi muito “fácil” de resolver esses problemas. Mudei de sítio. Apenas e só. O mesmo não se passa com os funcionários públicos que não largam o poiso(o mesmo se passa a minha mulher, apesar da minha opinião para ela largar aquilo)

Agora no privado conheci os melhores profissionais que conheço. No privado conheci os melhores lideres que conheço. No privado conheci os profissionais mais competentes e inovadores que alguma vez trabalhei.
São duas realidades completamente diferentes e nunca se poderá querer fazer comparações.

Mas como já disse anteriormente, haverá sempre exemplos nos dois lados. Bons e maus exemplos. Agora as percentagens poderão balançar mais para um dos lados da balança. Essa é que é a realidade.

Um abraço e obrigado pela tua visita.

Anónimo disse...

Sabes, Jail, eu tenho consciência que é verdade o que dizes sobre o funcionalismo público.

Só me custa que sejam sempre os mesmos a pagar com as favas - até parece que os f.p. são os responsáveis por tudo quanto é mau neste país!
Como não há coragem de mudar seja o que for...
Se conheces bem a F.P., como parece, sabes que o mal está nas chefias - pura e simplesmente não existem líderes de jeito - são uns "comedores" (como se diz por aqui) que só se preocupam em sacar o mais que podem ao Estado. A eficácia, a eficiência, a produtividade - o que é isso? O importante são as ajudas de custo, as avenças, enfim...
Com exemplos destes como é que os f.p. podem ter vontade de trabalhar - por muita vontade que se tenha, mais cedo ou mais tarde acabas por desmotivar! E é pena porque há muita gente desaproveitada com vontade de mudar alguma coisa!

Por outro lado, também sabes que se os empresários pagassem o que devem não precisavamos de ser nós a pagar-lhes os porches, as férias no Dubai, as vivendas, etc.

Desculpa o desabafo tão longo...

Elsa

Luciano Patrão disse...

sabes que o mal está nas chefias - pura e simplesmente não existem líderes de jeito - são uns "comedores" (como se diz por aqui) que só se preocupam em sacar o mais que podem ao Estado. A eficácia, a eficiência, a produtividade - o que é isso? O importante são as ajudas de custo, as avenças, enfim...

Aqui dizes tudo e bem.
Como o nível de conhecimento que tenho dos FP é maior a nível autárquico, ai então é tudo no salve-se quem puder.
Irrita-me profundamente ir a uma apresentação, acção ou outro tipo qualquer por parte da autarquia, e quem vejo lá?? Sempre os mesmos. Os "sem ninguém" que estão lá sempre. Numa altura são os maiores comunistas que conheço. Depois são os maiores socialistas que conheço.
Um praga que mete nojo. E disso existe às centenas. Isso é para chefias (para não perderem o posto e continuarem com as suas regalias e privilégios) e/ou para aqueles que tem a ambição (porque é a única ambição profissional que tem) de chegar a chefia (para também terem as regalias e privilégios) com essa sua maneira de aparecer sempre. Porque eles não precisam de fazer nada. Apenas estar presente é o suficiente para algum dia ser “visto” e lhe “darem” a mão. Nunca pela sua capacidade de trabalho. Nunca pelo seu profissionalismo e/ou assiduidade. Assiduidade essa, que irá piorar quando tiver essa “benesse”.
Estas são umas das realidades graves neste país.

Obviamente que o FP não é culpado de tudo(ou de quase anda). Mas o seu “bolo”(cerca de 700mil que não fazem o trabalho de metade) é culpada pela despesa que isso acarreta a este país que já quase não tem dinheiro para manda catar um cego. Mas que ainda tem algum para pagar indemnizações de quase 500mil contos(300mil foram apenas dividir por 2) à ex-administração da CGD que foi afastada nos últimos dias.

Claro que os FP não culpados de serem 700 ou 500, ou seja lá que numero for. Quem os pôs lá que são responsáveis por esta vergonha. Mas depois, esses mesmos FP, vão-se aproveitando desse posto e dessas regalias, para ainda fazerem pior.

Sou sim a favor que as regalias de um FP sejam iguais a qualquer trabalhar por conta doutrem. Sou sim a favor que as reformas dos FP sejam iguais a qualquer trabalhador por contra doutrem. Sou sim a favor que os FP tenham um sistema de saúde que seja igual a qualquer trabalhador por contra doutrem.
Mais importante de todas, sou e serei sempre a favor que o FP seja despedido(com justa causa e não reformado compulsivamente) por qualquer caso que existe justa causa para tal. Como qualquer trabalhador por conta doutrem. Porque aqui reside um dos(se não for o maior) problemas do funcionalismo publico. Saber que nunca será despedido.

PS: Em relação ao teu desabafo ter sido longo… nada comparado com este e estarás sempre à vontade para desabafar o que tem apetecer neste espaço. Seja longo curto ou intermédio.

Um abraço e mais uma vez obrigado pela visita.