terça-feira, abril 05, 2005

Papa e as lágrimas de circunstancia

Vou começar o meu primeiro desabafo com um comentário em relação ao Papa João Paulo II.



Antes de mais, gostaria de esclarecer que não me considero um católico, nem praticante nem não praticante (se isso de católico não praticante existisse. Ou se é ou não se é).
Mas num indivíduo que tem filhos (o meu caso), por vezes não nos podemos dar ao luxo de dizer que não acreditamos nisto ou naquilo. Porque chegara sempre uma altura na vida em que acreditaremos em tudo e faremos tudo contra aquilo que acreditamos, só para resolver um problema (doença, financeiro etc.) que “salvara” a nossa família.
Ainda assim, vejo no Homem (Papa) uma pessoa que fez (ou tentou fazer) muito pelo indivíduo e pelos pobres. Mas vejo igualmente um homem que ostentava muita da riqueza existente na Igreja Católica.

Para quem como eu que anda por essa Internet a consultar sites de notícias e fóruns etc., vejo diversos comentários de pesar para com o Papa.

Vejo diversas palavras bonitas e de amor etc...
Vejo também muita gente a acompanhar o Papa no seu último adeus...
Vejo também muita gente a chorar o seu desaparecimento ou simplesmente porque vê o vizinho do lado a chorar...

Agora pergunto eu...

Palavras essas que nos saem do teclado e nos põem com lágrimas ao canto do olho.
Mas será que essas palavras bonitas são aplicadas no dia, dia?
Quando alguma coisa nos corre mal será nessas palavras que se pensa?
Porque quando é para escrever (ou falar) sobre essas coisas bonitas da vida, somos de uma hipocrisia de todo o tamanho. Escrever é muito bonito e fácil, a realidade da vida é outra. E essas pessoas que escrevem e falam bonito e se amam uns aos outros, são os mesmos, que no trabalho, na vida profissional e afectiva traem essas palavras quase todos os dias.

Pensem nisso...

Foi apenas o primeiro desabafo.

6 comentários:

Anónimo disse...

Dizes aquilo que eu penso. A hipocrisia destes dias trágicos é demais.

Anónimo disse...

Eu ate' acho que o Papa nem era muito mau mas queria quer ele fosse a Africa visitar as cidades que tem 90% de seropositivos e que depois continuasse com a lengalenga do nao 'a contracepcao. De todas as atitudes, essa fica-me na garganta...

Luciano Patrão disse...

Obrigado pelos vossos comentários.

Valter, tens toda a razão nesse teu comentário.
Acrescentando eu... nem vale a pena falar do milhões que irão ser gastos com a preparação deste funeral e com os milhões que irão ser ostentados pela igreja nestes dias, daria para dar de comer a muita gente. Mas isso é um caminho que nem queria desabafar.

Ricardo,
Obviamente que ninguém é perfeito. Muito menos o era João Paulo II.
Essa e outras "ideias" e/ou ideologias que a Igreja ainda quer continuar a ter, é uma das razões para a qual o fieis se vão afastando.
Uma das mais graves que tenho conhecimento é nos países da América Latina, onde crianças (de 8 a 10/11 anos) são violadas por pais e familiares, ou mesmo desconhecidos, e a Igreja não "autoriza" abortos para estas situações porque é pecado. Ora para gente muito devotas (pais) não lhes é possível viver com esse pecado. E depois temos crianças que deveriam estar a brincar com bonecas a ter filhos na completa miséria.
Outras haverão... mas também digo que o mundo não é perfeito.
Mas este desabafo sobre a Igreja e à sua "comunidade" irei outro dia desabafar mais em profundidade.

Um abraço

Anónimo disse...

Amigo Luciano,

Desde já os meus parabéns pela vossa iniciativa.
Diariamante "limpas" a alma e compartilhas com os teus amigos.
Prometo, regularmente, vir ao blog "chatear-te", embora sem granse rigor.
Quanto ao Papa é um bocado complicado.
Sou dos que não idolatram João Paulo II.
Foi um homem de consensos, procurou a paz, viajou muito, procurou unir os povos, fez o "mea culpa".Mas...
A sua intervenção foi pouco significativa e importante. Deveria ter marcado presença. Deveria ter ido mais além, numa Igreja Católica cada vez mais descrente e decadente.
As mensagens, pois... são o costume. Escritas (também algumas vezes sentidas) por quem não as lê ou assina.
Algumas já estavam escritas... desde o último Jubileu...
Um abraço.
Roberto Calisto

Luciano Patrão disse...

Desde já um obrigado Amigo Roberto pela "visita"
Em relação ao Papa, considerar a sua intervenção e/ou presença pouco significativa, não sou da tua opinião.
Com muitos dos defeitos que tinha, acho que foi dos que teve mais intervenção na vida das pessoas e dos que mais deixou a sua presença e seguidores. Mas pertencia aquela Igreja Católica, fanática e fundamentalista em certos assuntos, por isso que ficou muito por... se fazer??
Mas também como só "conheci" este, posso estar enganado.

Anónimo disse...

Luciano,

Presença, não. Aqui foi muito positiva.

Intervenção, sim.

Se me disseres alguns pontos em que Ele (faço-o com letra grande por respeito)alterou a Igreja Católica (e há tanto para mudar/actualizar)eu mudo de opinião.

Um abraço.

RC